O Brasil que eu quero …

A fim de navegar um pouco a onda do modismo, vou aproveitar a campanha que a rede Globo criou, em que abre espaço para os cidadãos de diferentes partes do país, diante de algum local que possa representar bem a cidade de onde falam, e explicitam desejos e ímpetos sobre a temática (título desse artigo). Gostaria, por vez, de tentar de uma forma um pouco mais delongada, com mais argumentações do que as permitidas nos posts, bem como menos focada na parte política (não por estar confortável com o cenário, mas por querer mais divagar sobre ambições nossas, enquanto cidadãos e formadores da economia).

Bem, acho que eu dividiria essa carta argumentativa em tópicos, tanto para facilitar a compreensão, quanto para deixar delineada e separar toda a linha de raciocínio. Assim sendo…

1 — Mais eu e menos ele: O Brasil que eu quero (talvez o mundo que eu quero) envolve um pouco de auto crítica. A nossa capacidade de justificar, sem resolver, ou de achar que podemos apontar dedos, sem olhar nossa parcela de culpas e obrigações com nosso destino/caminho é algo peculiar. Há um livro que gostaria de compartilhar com vocês (e se preparem, pois ele é um senhor tapa na cara moral sobre nossas incansáveis formas de nos preparar para nos proteger e nos isentar das culpas). Se chama Consciência nos Negócios — Fred Koffman. Como o livro nos apresenta, de uma forma bem desafiadora, enquanto a queda do lápis for responsabilidade da gravidade e não de nossa desatenção em o soltar das mãos, não teremos condições de dominar nossos passos e, portanto, ficar acusando A e B de que o mundo não é melhor, por conta disso

2 — Mudar a partir do que posso, e não pelo que gostaria : Sempre simples dizer que se eu tivesse um carro melhor, uma casa melhor, um emprego melhor, uma família menos problemática, uma cidade menos violenta ou um setor mais abastado, a vida seria melhor. O Brasil que eu quero não parte do que seria ideal, mas do que podemos fazer hoje com o que somos para tentar chegar ao ideal. Me entristece pensar que boa parte das gravações dessa campanha da Globo tenha sido mais a busca pelos quinze segundos de fama, do que a iniciativa de protesto e seguido de uma ação. Se não arregaçarmos as mangas, enquanto gestores/empreendedores e encararmos nossos problemas de rotina com mais naturalidade e frieza, sem que a lamentação seja nossa única forma de achar o nosso gramado menos verde, iremos sofrer da pior forma — que é não saindo do lugar!

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3 — Insatisfação constante para ser excelente e não somente bom: O Brasil que eu quero critica sim, o mimado, Neymar, bem como o Tite, pelas atuações limitadas e pouco prestativas na copa, mas porque enquanto pessoas/cidadão/empresário/colaborador somos também os melhores no que fazemos. A insatisfação pelo desempenho ruim, não pode ser pontual para a seleção, para o time que torcemos, para o motorista do táxi que freou inadequadamente na pista, ela precisa ser constante a partir e principalmente dos nossos próprios atos, pois não basta ser bons, temos que ser excelentes. Se isso sair das cobranças de 4 em 4 anos dos 23 convocados e cair mais a cada 4 segundos de nós conosco, seremos muito melhores e os resultados nos alavancarão.

4 — Menos iniciativa e mais acabativa — Por fim, mas não menos importante, o Brasil que eu quero se preocupa com execuções das coisas. Creio que ideias boas, todos já tivemos (e isso, por mais que possa soar duro, não é nem tão genial). Temos que ter, de fato, é atitude! Não é pensar e tentar, mas na primeira dificuldade já parar e ir ao primeiro item aqui mencionado… Temos que persistir, planejar, executar, aprender, cair, levantar, replanejar, executar novamente, conseguir, perder mais uma vez (e assim parar de achar que os bem sucedidos são sortudos, e não pessoas que tentaram muito mais do que os demais). Usemos a máxima de Thomas Edison — “A criação da lâmpada foi 1% inspiração e 99% transpiração”.

Para fechar, a intenção de usar o tema da emissora, já por vezes mencionada, além de ganhar gancho da iniciativa, que é muito boa, é mostrar que dentro de nossa vida corporativa, vivemos situações o tempo todo que nos provam enquanto pessoas que querem mesmo ser melhores. Não obstante, quase nunca estamos realmente fazendo algo que não seja compartilhar um vídeo, gravar um depoimento emocionado ou algo pouco eficiente ao propósito. Faço um convite final de que gastem menos memória dos celulares tanto gravando como baixando vídeos assim, e usem mais as próprias memórias. Tenho certeza que essa parte física pode muito mais adequadamente, trazer enfim o Brasil que todos queremos, se bem usada.

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